quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Adeus 2009... Bem-vindo 2010!


Eu sempre escrevo melhor quando estou aos prantos. Talvez por serem momentos emotivos, onde a lógica falha, o raciocínio embota e as palavras fluem com as lágrimas. São momentos autênticos e, ainda que não descrevam o todo, retratam o instante em que a emoção vem à tona e por isso mesmo são verdadeiros.

Existem experiências que nunca teremos na vida. Cada um de nós tem o seu conjunto de sonhos não realizados, às vezes meras vontades que surgiram justamente da impossibilidade de serem cumpridas. Eu, por exemplo, nunca terei irmãos. Por decisão lógica de meus pais, essa é uma experiência que nunca vivenciarei. Isso não é bom nem ruim, simplesmente é. Compenso em parte tendo amigos muito próximos. Alguns me acompanham por um tempo determinado. Outros, por anos, décadas, vidas... Sou uma pessoa próspera no quesito melhores amigos, coisa de que tanto se fala ser raro. Eu os tenho porque preciso deles. E os tenho de verdade. Não é fachada, não é porque fica bonito no orkut, nem porque gosto de uma vida social intensa, muito pelo contrário. Tenho muitos amigos porque preciso dessa intimidade que nunca tive com um irmão ou irmã. E isso não cabe em uma só pessoa.

Ainda não é um assunto fechado, mas a probabilidade indica que também não terei filhos. Novamente, não é algo necessariamente bom ou ruim, mas as duas coisas juntas me fariam uma pessoa muito só. Seguindo a linha anterior, busco compensação. Confesso de antemão que não faço o tipo maternal. De fato, não gosto da idéia de ninguém depender de mim. Mas depois de ter evitado por anos finalmente me encontro rodeada de alunos. Todos de passagem, é claro, alguns se detendo por mais tempo do que outros, alguns poucos muito mais próximos do que a maioria, mas nenhum dependendo exclusivamente de mim para seguirem seus caminhos. Acho que assim tenho os filhos que gostaria de ter.

O caminho não está traçado. Olhando para trás, tanta coisa mudou a partir dos primeiros sonhos, da tentativa de garantia contra os medos mais primordiais. Sonhos foram trincados ou estilhaçados, medos foram diminuídos ou eliminados. Sou e não sou o que esperava ser. E tanta coisa ainda pode acontecer, tantas mudanças, para melhor ou para pior, ainda estão por vir.

Encerro 2009 mais forte, mais serena, mais real e bem mais imperfeita. Cagadas homéricas e pequenos enganos, todos me ensinaram grandes lições. Acertos também, como não! Nem mais nem menos do que a média, mas a combinação de tudo isso tornou minha vida mais intensa, mais vibrante. Estou trilhando um longo caminho, iniciado há muito tempo e cujo fim é indeterminado. Um longo caminho para eu escolher o que quero. Para cometer meus enganos e comemorar meus acertos. Para rir de mim mesma na companhia de quem eu mais amo. Para me entregar, principalmente a mim mesma, e sentir o fluir da vida e das minhas vontades. Para realizar sonhos e tarefas. Para aprender. Para ser feliz. Agora.

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