quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Adeus 2009... Bem-vindo 2010!


Eu sempre escrevo melhor quando estou aos prantos. Talvez por serem momentos emotivos, onde a lógica falha, o raciocínio embota e as palavras fluem com as lágrimas. São momentos autênticos e, ainda que não descrevam o todo, retratam o instante em que a emoção vem à tona e por isso mesmo são verdadeiros.

Existem experiências que nunca teremos na vida. Cada um de nós tem o seu conjunto de sonhos não realizados, às vezes meras vontades que surgiram justamente da impossibilidade de serem cumpridas. Eu, por exemplo, nunca terei irmãos. Por decisão lógica de meus pais, essa é uma experiência que nunca vivenciarei. Isso não é bom nem ruim, simplesmente é. Compenso em parte tendo amigos muito próximos. Alguns me acompanham por um tempo determinado. Outros, por anos, décadas, vidas... Sou uma pessoa próspera no quesito melhores amigos, coisa de que tanto se fala ser raro. Eu os tenho porque preciso deles. E os tenho de verdade. Não é fachada, não é porque fica bonito no orkut, nem porque gosto de uma vida social intensa, muito pelo contrário. Tenho muitos amigos porque preciso dessa intimidade que nunca tive com um irmão ou irmã. E isso não cabe em uma só pessoa.

Ainda não é um assunto fechado, mas a probabilidade indica que também não terei filhos. Novamente, não é algo necessariamente bom ou ruim, mas as duas coisas juntas me fariam uma pessoa muito só. Seguindo a linha anterior, busco compensação. Confesso de antemão que não faço o tipo maternal. De fato, não gosto da idéia de ninguém depender de mim. Mas depois de ter evitado por anos finalmente me encontro rodeada de alunos. Todos de passagem, é claro, alguns se detendo por mais tempo do que outros, alguns poucos muito mais próximos do que a maioria, mas nenhum dependendo exclusivamente de mim para seguirem seus caminhos. Acho que assim tenho os filhos que gostaria de ter.

O caminho não está traçado. Olhando para trás, tanta coisa mudou a partir dos primeiros sonhos, da tentativa de garantia contra os medos mais primordiais. Sonhos foram trincados ou estilhaçados, medos foram diminuídos ou eliminados. Sou e não sou o que esperava ser. E tanta coisa ainda pode acontecer, tantas mudanças, para melhor ou para pior, ainda estão por vir.

Encerro 2009 mais forte, mais serena, mais real e bem mais imperfeita. Cagadas homéricas e pequenos enganos, todos me ensinaram grandes lições. Acertos também, como não! Nem mais nem menos do que a média, mas a combinação de tudo isso tornou minha vida mais intensa, mais vibrante. Estou trilhando um longo caminho, iniciado há muito tempo e cujo fim é indeterminado. Um longo caminho para eu escolher o que quero. Para cometer meus enganos e comemorar meus acertos. Para rir de mim mesma na companhia de quem eu mais amo. Para me entregar, principalmente a mim mesma, e sentir o fluir da vida e das minhas vontades. Para realizar sonhos e tarefas. Para aprender. Para ser feliz. Agora.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Transição


Choro.

Não de tristeza, nem de alegria. Talvez com um pouco de alívio. Sinto ter terminado uma fase da minha vida e não lamento a perda, mas celebro a passagem. Celebro com lágrimas. Não sei bem porque. Acolho o desconhecido, me abro ao novo, deixo a antiga e conhecida ansiedade minguar. Não sei o que virá. Mas sinto finalmente que tudo até esse momento me preparou para isso.

Passei anos construindo minha independência e outros tantos lutando contra ela. Hoje me sinto eu. Nem isolada, nem dependente. Precisando da companhia de outras pessoas sim, como qualquer ser humano, como qualquer mulher. Mas sem medo de me encarar, sem medo de estar apenas comigo mesma. Sem medo de encontrar-me só.

Esperei tanto tempo por uma mudança, e ela chegou quando desisti de esperar. De uma hora para outra, como aprender um passo de dança, onde se pratica um movimento até que de repente ele sai. Uma vez aprendido, nunca mais é esquecido.

E assim me sinto. Não pretendo explicar para ninguém o que exatamente se passa comigo porque não creio que consiga colocar tudo em palavras. Talvez aquilo que seja grandioso para mim seja apenas banal para outros. Não importa. Apenas celebro, calma e silenciosamente.

Mudança, seja bem-vinda.

domingo, 16 de agosto de 2009

Filtros


Falar não é apenas diferente que fazer, é também uma tentação satisfazer-se no discurso e negligenciar o sagrado dever de colocar em prática o que for dito. Nada mais decepcionante do que muito prometer e pouco fazer. - Quiroga

Quantas vezes não gastei horas escrevendo sobre tudo o que quero ou tenho que fazer, e assim que escrito parece que a responsabilidade de concretizar aquelas coisas desaparece da minha vida? Quantas vezes não racionalizei sobre assuntos que mexem comigo, encontrando sempre o lado mais sensato ou maduro, mas na hora em que a situação surge na minha frente, sou completamente incapaz de agir de acordo com a minha linda teoria?

Eu supervalorizo o entendimento das coisas, porque esse sempre foi o meu filtro do mundo. De uns tempos para cá, estou com uma enorme sede de VIVER. Em outras palavras, sentir, vivenciar as coisas. Continuo escrevendo e pensando muito. Mas olho para trás e vejo tão claramente que se a vida não acontecer na prática, de nada ela valerá.

Fui tomada pelo imediatismo do mundo de hoje. Tenho dificuldade de desenvolver projetos de longo prazo, o que antes pareciam a minha especialidade. Tudo eu aguentava, em tudo eu persistia. De repente não tenho mais paciência, algo na fibra se rompeu. Abri o poço das emoções e de certa forma fiquei hipnotizada pelas imagens que vi lá dentro. E encaixar as aspirações com a prática está sendo mais complexo do que jamais imaginei.

Ou talvez apenas tenho supervalorizado esse encaixe. Vejo as pessoas vivendo por aí sem se preocuparem em nada com essas nuances e vão muito bem, obrigada. Parecem saber o que é viver, ou simplesmente não se preocupam com isso. Encaram um dia depois do outro. É só do que precisam.

Passar todas as experiências de vida por um filtro mental é desgastante e talvez desnecessário. Retarda a impulsividade, o desejo, a fagulha que dispara o movimento, a ação. Mas será que ir contra uma natureza tão arraigada não causa a mesma paralisia? Enquanto eu me debato sobre essas coisas, obrigações deixam de ser cumpridas, a tarde de sol deixa de ser aproveitada...

Pensar menos e fazer mais. No meu caso, esse parece ser o caminho para o momento.

sábado, 15 de agosto de 2009


Sabe quando avisam a gente, mas a gente vai lá e faz do mesmo jeito porque acha que dá conta? Pois é, não reclama depois...

quarta-feira, 17 de junho de 2009

A importância de fazer diferente

Fazia aproximadamente 18 anos que eu não dependia de transporte público em São Paulo. E por transporte público quero dizer o combo "ônibus + metrô". Claro que nesse meio tempo utilizei o metrô inúmeras vezes, sempre uma boa opção para ir ao centro ou a região da Av. Paulista, por exemplo. Mas em nenhum momento eu fiquei sem a opção de ter um carro à minha disposição; o mero pensamento gerava em mim uma leve sensação claustrofóbica.

Foi muito interessante observar algumas coisas. A primeira e mais importante delas foi perceber o quanto esse hábito me moldou. Em todos esses anos, se eu queria chegar de um lugar a outro e não tinha um carro para isso, ou pegava um emprestado ou usava um taxi. Hoje, deixando o meu carro no mecânico, resolvi que era bem feliz quando ia para qualquer lugar de São Paulo de ônibus e nem sequer pestanejava. Por que não tentar novamente?

Nessa escolha, dei-me conta, por exemplo, que não sabia sequer se podia pagar com dinheiro ou se tinha que conseguir um Bilhete Único. E me achei bem ridícula perguntando isso a um aluno meu ontem. Só me senti menos idiota quando outra aluna motorizada disse que também não sabia... Isso me fez pensar em como limitamos nossas possibilidades e nosso conhecimento com um simples hábito cristalizado.

Dirigir é muito bom. Eu pessoalmente gosto de dirigir. Não no trânsito caótico de São Paulo, mas sempre tive uma sensação de liberdade em pegar o carro e poder ir para onde EU quisesse. Como se isso não fosse possível antes. Uma ilusão que eu criei em um determinado momento da minha vida para me sentir independente. Independência? Outra ilusão...

Levei uma hora e meia hora para chegar ao trabalho. Nesse meio tempo, pude constatar outras coisas. O quanto estou fora de forma, por exemplo, quão pouco eu caminho no meu dia a dia. E o quão pouco eu tenho observado as outras pessoas. Por outro lado, senti-me verdadeiramente revigorada, possivelmente fruto da retomada de outros hábitos que eu tinha quando mais nova. Observar meus arredores, descobrir novos lugares, novos caminhos... como eu adorava fazer isso! Hoje perco cerca de três horas por dia presa dentro de um carro, pensando no meu próprio umbigo, tentando bravamente interagir o menos possível com o mundo externo. Logo agora, que sou bem mais comunicativa do que antigamente...

Passear pelos prédios das Clínicas me lembrou de como eu gostava de ir a determinados lugares e imaginar (não, naquela época eu "sabia") que eu poderia trabalhar lá se quisesse, num tempo de inúmeras possibilidades. Na entrada da estação de metrô havia uma exposição de mandalas lindas... Cheguei no laboratório completamente descansada, apesar de ter levado meia hora a mais que o usual.

Esse texto não é uma preleção ao transporte público em São Paulo. Tive, por exemplo, a vantagem de vir fora do horário de pico, em um dia nem frio nem quente e principalmente sem chuva. Mas esse não é o ponto. O ponto é como é importante modificar hábitos, principalmente aqueles tão arraigados que passamos a acreditar que são a nossa única possibilidade! É como não romper com um relacionamento porque não nos vemos com nenhuma outra pessoa no mundo, ou não mudarmos de emprego porque acreditamos que não somos capazes de fazer qualquer outra atividade na vida. Reclamamos da nossa falta de perspectiva enquanto fazemos de tudo para nos enredar em falsas ilusões do que consideramos ser o melhor para nós, geralmente baseados no que "todo mundo" considera bom, e sem perceber, subrepticiamente, isso se torna a única opção para nós. Muitas vezes estamos tão anestesiados que nem sequer percebemos o quanto algo nos incomoda!

A boa notícia é que em pequenos movimentos podemos fazer grandes descobertas. Não é a solução dos problemas, mas é o início, o ponto de mutação para algo realmente grandioso.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Público vs Privado


Confesso que, apesar de gostar muito de organizar pensamentos através da escrita, tenho escrito muito pouco nos últimos tempos. De alguma forma, apenas SENTIR está me parecendo mais adequado. E AGIR, mais urgente.

De qualquer forma, com esse blog eu tenho uma dicotomia nas minhas escritas: aquilo que é público e aquilo que é privado. Nos últimos anos eu tenho percorrido um grande aprendizado em compartilhar idéias e sentimentos. Mas a dicotomia persiste e não a considero ruim. O que talvez seja complicado é o mergulho nesse mundo particular, sem aviso prévio ou notícias do front, não pelo mergulho em si, mas pelo que se deixa de cumprir no universo objetivo. É a parte do AGIR que fica comprometida quando o mergulho é profundo demais.

Ultimamente eu tenho me ocupado muito com esse mundo interno das coisas que não são ditas em público, daquilo que não é compartilhado, ou que é, mas de uma maneira totalmente pessoal. Lembranças, sentimentos, esperanças... Passei de um extremo ao outro, do nada anterior ao completo escancaro, e agora procuro o equilíbrio. Não quer necessariamente dizer que os textos irão diminuir, mas possivelmente irão mudar. E estou contente com isso. A alma precisa de luz e sombras para se tornar um lugar interessante.

Volto agora do último mergulho. Não estou de todo pronta pra sair da água, ainda quero ficar mais um pouco. Lá fora surgem os prenúncios de um inverno gelado e aqui dentro está quentinho e confortável. Mas o mundo chama. E quem sabe agora ele tenha se tornado um lugar mais interessante...

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Amigos

Amigo é o cara que te fala o óbvio...


... mas da maneira que vc finalmente entende!


Obrigada a todos os meus amigos. De coração.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Recomeços... ou do que se deixa para trás


Quando nos dispomos a seguir um novo rumo na vida após chegarmos àquela encruzilhada estranha das decisões pessoais, onde se aposta em um determinado movimento, o que realmente deixamos para trás?

Algo devemos deixar. Carregar tudo o que fomos o tempo todo conosco é extremamente cansativo e desgastante. Sem falar inútil. Mas o que realmente devemos descartar?

Que tal descartarmos as dores e as más experiências? Contudo... não foi com elas que aprendemos? Todos temos cicatrizes das nossas superações. Como uma cascavel que ganha um novo anel a cada troca de pele, nossas cicatrizes estão lá para nos lembrar do erros que não devemos mais cometer e das novas forças e habilidades que ganhamos. Mas cicatrizes curadas não doem. A dor deve ficar para trás.

O que mais fica para trás quando passamos para a próxima etapa de amadurecimento na nossa vida? Certas coisas não precisam ser carregadas por nós, pois sempre as encontraremos. Para que o fruto se desenvolva, é necessário sacrificar a flor. Em uma primeira etapa, a linda e delicada flor é substituída por um fruto verde e intragável. Poderíamos pensar que saímos perdendo, não? Logo após a perda, ainda lembramos da beleza da flor e não podemos aproveitar nada do novo fruto. Que tragédia! É preciso tempo e paciência para podermos colher o fruto doce, que alimenta o corpo, e percebermos que depois que comemos o fruto, o ciclo se renova. Portanto a ingenuidade também pode ficar para trás, ou arriscamos nunca mais deixarmos outra flor ser polinizada. Sem rancores, pois a encontraremos novamente, com outras roupagens, quando o tempo for propício.

Cada etapa da vida é rodeada por determinados medos, pois geralmente temos medo do que não conhecemos. O medo é uma propriedade inerente do nosso instinto de sobrevivência. Junto com a dor, ele é um importante sinalizador de que algo pode estar errado. Mas à medida que vamos ampliando nosso conhecimento, não poderíamos silenciar alguns de nossos medos? Se vamos de encontro a algo conhecido, mesmo que seja algo passível de gerar dor, não precisamos mais do medo, pois sabemos o que está lá e optamos por seguir em frente ou não. No entanto, o próprio conhecimento das consequências de nossos atos é o principal gerador de medo. Então neste caso podemos fazer uma troca: deixamos de lado o medo paralisante, e colocamos na nossa bagagem o respeito, muito mais leve e útil, pois não nos impede de tomar decisões difíceis porém necessárias. Sendo mais leve, o respeito nos permite crescer, enquanto o medo só nos deixa cada vez mais encurvados com o passar do tempo... Aproveitemos e troquemos também a culpa pela responsabilidade e assim estaremos mais próximos do perdão, que tem um efeito poderoso em amenizar o peso da nossa bagagem.

As lembranças! Ah, as lembranças... são tudo o que podemos levar conosco para qualquer lugar onde formos. Infelizmente no tocante a lembranças, parece que não temos muito o poder de escolha. Quanta coisa bonita e importante nos esquecemos e quanto coisa odiosa teimamos em lembrar! Cada lembrança, quando evocada, toma nosso tempo e nossa energia. Muitas vezes elas vem aparentemente sem ser chamadas, e ficamos felizes ou tristes, dependendo do seu conteúdo. O ponto todo é que as chamamos, a todas elas. Talvez não conscientemente, mas nós precisamos delas exatamente no instante em que surgem. Pois muitas delas nos dão dicas ou ganchos para nossas próximas escolhas, tarefas e superações. Às vezes uma lembrança desagradável vem à tona no exato momento em que podemos transformá-la. Ou uma lembrança incoerente surge no momento em que podemos entendê-la. Ou ainda aquela lembrança especial nos aquece quando precisamos de força ou de conforto. Levemos nossas lembranças, pois elas serão trabalhadas e reformuladas ao longo do caminho.

Teremos companheiros de viagem? Depende do caminho trilhado. Podemos ter companheiros por longos trechos ou companheiros circunstanciais. Ambos são importantes. Precisamos de companheiros para aprendermos sobre uma das coisas mais importantes da vida, que é o amor. Mas repetidas vezes, algum desses companheiros fica para trás. Choramos e gritamos pela perda, não percebendo que ele não faz parte da NOSSA bagagem. Queremos carregá-lo conosco a qualquer custo. Interrompemos a viagem prostrados ao seu lado, ou pior, agarrados de tal maneira que impedimos que ele também continue seu caminho. Às vezes ocorre o contrário, sentimos que nós não podemos prosseguir, pois não temos forças para andarmos sozinhos, sendo que eles também não podem nos carregar. Ninguém trilha o caminho de ninguém. Somos essencialmente sós e nossa bagagem é escolhida por nós. Optamos por carregar culpas e desejos alheios, optamos por abandonar os trilhos e fazer um novo caminho, optamos por jamais olharmos para os lados, optamos por acolher ou abandonar companheiros. Temos escolhas por todos os lados, inclusive a de não fazer escolha nenhuma, o que nos deixa exatamente no ponto onde começamos a viagem, na encruzilhada das decisões, sem aventura nem crescimento, nascendo e morrendo sem fazer a menor diferença para si nem pra ninguém.

domingo, 12 de abril de 2009

O Toque na Noite


Apesar de ser uma pessoa que valoriza muito o lado racional da vida, sempre procurei de alguma forma uma porta de comunicação com o lado etéreo, que costumeiramente chamamos de espiritual. Não sigo nenhuma religião; embora compreenda seu valor nas vidas de muitas pessoas, nunca cheguei a sentir nenhum chamado interno que me levasse irredutivelmente a determinado dogma ou doutrina. Em outras palavras, me falta a tal fé. Também não sou uma pessoa naturalmente sensitiva, apesar de ter lá meus lampejos intuitivos. Mas voltando à porta, sempre senti que ela seria interna e, de fato, tenho cá o meu meio, que para mim funciona muito bem.

Eu sempre gostei de interpretar meus sonhos. Desde adolescente eu venho prestando atenção neles e tenho conseguido estabelecer uma linguagem simbólica interna bastante rica. Tenho vários sonhos recorrentes que me contam, em seus detalhes, o andamento de alguns processos internos. Já tive sonhos premonitórios também. E, de vez em quando, tenho alguns que considero realmente especiais, praticamente místicos ou iniciáticos que, ainda que se utilizem de símbolos ou pessoas do dia a dia, marcaram uma mensagem indelével do caminho sendo percorrido. Eles geralmente são acompanhados de uma emoção profunda ao acordar, seja de alegria ou de tristeza, mas sempre de forte impacto, e eu simplesmente SEI que aquele é especial, mesmo que não o compreenda de imediato.

Ao longo dos anos tenho guardado a transcrição de vários sonhos. Alguns eu nunca cheguei a decifrar. Outros me foram claros de imediato. E alguns continuam no background da minha mente, esperando o desenrolar dos acontecimentos. Um dos últimos sonhos realmente impactantes que eu tive foi há uns dois anos atrás e retrata um processo que acho (quero crer, ao menos) estou chegando cada vez mais perto de decifrar. Deixarei de fora a identificação das pessoas do mundo real que participaram dele, pois é uma simbologia que só diz respeito a mim já que esse não é um dos premonitórios. Ao invés disso, tentarei passar a emoção ou sentimento que cada um dos personagens desperta em mim, que é o mais importante. Considero esse sonho completamente simbólico, onde todos as pessoas são partes da minha própria psiquê. Nada no mundo externo está de fato esperando uma epifania da minha parte, assim como não dependo da participação de ninguém especificamente para chegar ao ponto em que aparentemente devo chegar. Mas após esse sonho acordei esbaforida e continuei a ouvir a música, estática, por alguns minutos...

Eram tempos perigosos. Eu estava na rua e havia apenas um lugar seguro. Uma casa, onde havia muita gente, outras pessoas que aguardavam apenas um sinal na noite.

Alguém me acompanhava, protetoramente, à distância. Um homem. Um amigo, irmão e companheiro. Seguindo instruções, eu corria pela rua para a casa, para a segurança, e ele corria atrás de mim, mantendo alguma distância. Enquanto anoitecia, passei por perigos, por pessoas gritando e brigas de bar, por balas perdidas, mas cheguei à casa. Eu entrei e fui direto para o fundos. Ele também entrou, esbaforido, não me viu, procurou-me pela frente da casa, onde havia várias pessoas que nada tinham a ver conosco, e se preocupou. Eu o encontrei e sinalizei que estava tudo bem.

Fomos aos fundos da casa. Uma família ou clã de mulheres nos aguardava. Uma anciã de aspecto frágil, que se enredou em sonhos e promessas como numa rede, disse que não podia se desvencilhar. Eu e meu pai (ainda o mesmo homem? acho
que não...) a encorajamos dizendo que o mesmo tinha acontecido conosco e que parecia impossível mas que tudo daria certo. A velha, mãe de todos nós que ali estávamos, foi ficando mais forte e pediu ao homem que me acompanhava que saísse para comprar algumas coisas para ela (acho que bebida e cigarro). Ele foi.

Enquanto isso, esperávamos por algo. Era noite. Crianças dormiam em um quarto. Olhávamos por uma janela ou varanda para uma paisagem de campo à noite. Parecia um grande charco. Encontramos alguns objetos (sagrados? com certeza especiais) e a velha tentava montá-los em algo mas não conseguia. Eu tentei... e sabia o que tinha que ser feito! Era uma espécie de instrumento musical que emitia um sopro grave, como um berrante. E de repente, depois que o toquei, outras notas se ouviram na noite. O som foi ficando mais limpo, cada vez mais alto e de repente virou música! Música e luz por todo o lado! Eu sabia tocar e esse era um instrumento mágico, que havia apenas esperado que EU montasse as peças e o tocasse.


E assim soubemos que o tempo que tanto esperávamos chegou! Estávamos em estado de euforia, felizes! Sabíamos que tínhamos que pegar objetos que guardávamos há muito tempo para cada um de nós. A anciã organizava apressadamente as coisas, juntava roupas de cama e roupas de dança de cada integrante da casa (eu estava vestida com uma roupa branca e dourada, misturada com uma saia vermelha). Sabíamos que agora, dentro em breve, depois que todos voltássemos à casa (e todos estavam ouvindo a música e correndo de volta para a casa) nós finalmente saberíamos para onde deveríamos ir. Lembro de amigas importantes e queridas chegando nessa hora e uma delas, feliz e eufórica, celebrava que era eu que tinha encontrado a chave e desencadeado tudo!

E você, quais são suas aventuras oníricas mais interessantes? Como sente os próprios sonhos: a eliminação do resíduo mental do cada dia ou eventos que transportam alguma mensagem mais significativa? Alguma vez algum sonho te elucidou algo importante?

sexta-feira, 20 de março de 2009

O passado e o presente

Lateral do prédio da Zoologia, Bio-USP

Estou almoçando na lanchonete do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, onde há cerca de 15 anos me graduei no curso de Ciências Biológicas. Tenho que entregar o projeto de mestrado de um aluno meu para alguns professores da USP e resolvi almoçar aqui primeiro. E de repente fiquei muito emocionada. São muitas lembranças. Ainda que algumas coisas estejam diferentes, muitas permanecem exatamente do mesmo jeito.

O flashback começa assim que saio do carro. Estaciono ao lado do prédio da Zoologia pensando em reencontrar a "minha" árvore, embaixo da qual eu me sentei quase todos os dias da minha graduação para ler na hora do almoço e onde, tentando me esconder do mundo, fiz minhas melhores amizades na época.

Mas enquanto saio do carro, algo me distrai - o som de uma... flauta! Qual é a chance??? Memórias do já falecido seguidor do Durvalismo me vêem imediatamente à mente... Ele, que entre muitas outras coisas não comia cebolas pois acreditava que elas eram símbolo da perfeição do universo, passava horas tocando flauta nos jardins da Bio para fazer um bicho dormir (era uma anta ou um javali? ou seria uma paca?) porque caso ele acordasse, a Mulher de Fogo destruiria o mundo. Ou algo assim. Com a lembrança dele vieram outras tantas de outros "loucos", como o cara que dizia ter uma mancha no cérebro, um tumor raríssimo, e que além disso tinha perdido um dos pais (acho que era a mãe) em um sério acidente radioativo em um laboratório de física. Muito azar pra um cara só...

Pensando nessas coisas, subo as escadas ao lado da lanchonete e vejo a mesma moça (agora não mais tão moça) vendendo bijuterias no mesmo lugar de sempre! Ela me cumprimenta, mas não me reconhece.

O nó começa a se formar na minha garganta quando chego à lanchonete. Acho que tenho mais créditos de lanchonete do que de várias matérias da faculdade... Essa mudou bastante, quase totalmente reformada, virou restaurante self service. Mas olhando bem ainda resta muito da construção original, como a varanda, agora coberta, e as mesmas portas de ferro pintadas... Entro na lanchonete e quase trombo de frente com o Bob, professor de Ecologia, rei das piadinhas infames.

A essa altura eu tenho mesmo que me controlar porque me encontro quase chorando. Quantas tardes não passei aqui jogando RPG? Estudando para provas na última hora? Comendo aquela maravilhosa lasanha a bolonhesa, ou a torta de frango nadando em catchup e mostarda? Aninhando os gatos abandonados? (desses não há mais nenhum sinal)

Não me considero uma pessoa saudosista. Mas confesso que me emocionei muito hoje. Porque hoje, eu não sei. Ao longo desses anos todos já estive aqui muitas vezes, nesse mesmo lugar, sem que isso tivesse trazido nenhuma emoção especial. Será que estou mais aberta? Ou mais sensível? Não faço idéia. Mas já que aconteceu, fica aqui o registro.

Na volta ao carro, ao mesmo som da flauta, procuro a "minha" árvore. Hoje ela está cercada por plantas altas, uma espécie de jardim onde antes só havia grama rala, não sendo mais possível sentar à sua sombra. Escolho uma árvore vizinha, próxima o suficiente, e sento para terminar de transcrever essas sensações aos prantos.

Lembro dos livros que li, dos sonhos que tinha... e de repente, como num estalo, o choro para. Chorar pra que? Por que? Se muitos dos sonhos não se realizaram, outros que nem imaginava na época se tornaram realidade. Costumamos limitar o mundo naquilo que nos cerca, com as pessoas que hoje conhecemos, com as perspectivas que temos em cada momento, sem conseguirmos extrapolar para o inesperado. Se consigo notar semanalmente diferenças em mim mesma, que dirá comparando comigo há 15 anos atrás! Não há necessidade de resgatar esses sonhos! Minha vida hoje é muito mais rica do que o trilho da minha imaginação de 15 anos atrás.

A flauta parou e o que ouço é o som de centenas de grilos e cigarras. Vejo dezenas de pequenas borboletas e outros insetos voando. Tantos anos passei sentada aqui e não lembro de nenhuma vez sequer ter parado para apreciar essas coisas, apesar de ter vivido muitas outras neste mesmo lugar. Pessoas passam por perto sem se importarem comigo e vice versa. Entre os sons soltos ao vento, penso identificar a palavra "saudade". Quem diria... Logo hoje, que me sinto tão no presente, saboreando todas aquelas lembranças e sonhos, mas pronta como nunca para os próximos, que mesmo agora tomam tantas formas distintas...


Na saída, vejo outro lugar que traz outras lembranças, muito mais específicas e complicadas. Mas essas podem esperar para serem resolvidas outro dia. Uma coisa de cada vez... ;)

quinta-feira, 19 de março de 2009

Confiança


Há uma semana atrás fiz coisas que jamais imaginei fazer. Não só por inicialmente não me achar capaz, mas por sempre ter demonstrado uma certa displicência com esse tipo de atividade. Sempre que via reportagens na televisão sobre esportes radicais, vinha-me à cabeça um comentário, na voz de autoridade masculina do meu pai, menosprezando a necessidade das pessoas sentirem cada vez mais emoção por meio da adrenalina obtida dessa forma tão perigosa. Coerência acima de tudo, certo?

Com o passar dos anos, eu fui me tornando mais "tolerante" e a "tolerância" cresceu até o ponto de não me "importar" em aceitar um convite para uma série dessas atividades (coloco os termos entre aspas porque é claro que tudo isso era apenas uma manobra interna para me aproximar de algo que sempre me deu medo, mas que ultimamente tem me atraído bastante).

Pois bem, lá fui eu para São Carlos numa tranquilidade de causar inveja. Eu tinha visto as fotos da Jana fazendo um monte de coisas com um sorriso de ponta a ponta e imaginei "não pode ser tão difícil". Afinal de contas, eu não estava me propondo a pular de wingsuit nem escalar uma geleira na Antártida. Eu fui participar de uma brincadeira perfeitamente adequada a um ser sedentário como eu, que pensa duas vezes antes de subir numa escada sem apoio com mais de três degraus.

Eu rapidamente acordei da ilusão quando me vi na plataforma de treinamento, a 8 metros de altura, tendo que me inclinar de costas para o espaço vazio, soltando todo o peso do meu corpo no nada. No nada? Bom, não exatamente. Havia um equipamento perfeitamente adequado para esse fim, no qual eu teria que confiar. Havia também um instrutor altamente qualificado, com uma paciência de monge budista, dizendo-me que eu estava em segurança, desde que seguisse suas instruções. E também havia a observação dos exemplos bem sucedidos dos meus companheiros. Só não havia a minha confiança.

Existem momentos na vida em que você simplesmente precisa contrariar o instinto de sobrevivência. É estranho pensar assim, pois ele deveria estar lá pra te proteger, não? Mas para isso temos o contraponto racional. Isso não quer dizer pensar demais, apenas pensar o suficiente. É um mix da perfeita integração do que você quer, do que você é, e do que você poder vir a ser. E isso significou que após duas tentativas eu não só pude descer um vão de 8 metros mas pude vivenciar uma das mais bonitas junções de uma bela paisagem com uma maravilhosa sensação de bem estar e contentamento.



Eu vou encurtar a história, porque uma boa parte dela pode ser encontrada e muito bem contada no blog do Denis, principalmente no que se refere ao rafting e à tirolesa do segundo dia. Mas antes de terminar, preciso mais uma vez falar sobre a tal confiança. No cômputo geral do final de semana, existem muitos momentos memoráveis. Momentos de superação, de alegria, de satisfação, de companheirismo. Mas tem um que achei particularmente singelo e que retrata o nível mais básico de confiança, aquela que se ganha simplesmente por não se estar só. Atravessar um rio com água na altura da canela certamente não parece ser um momento de grande emoção, não depois de descer 35 metros de uma cachoeira, estar dependurado por uma corda a 50 metros de altura ou remar de encontro a uma corredeira. Mas me fez sentir bem e feliz de poder compartilhar da confiança que se dá e se recebe quando se faz um esforço conjunto de zelar pelo outro. Por isso agradeço aos meus companheiros de passeio, Denis e Mony, e aos anfitriões, Zé e Jana, pelo convite, pela amizade, pela sensação de segurança, pela dedicação e alegria, e pela oportunidade das novas descobertas. E que venham muitas outras! Uhuuuullll!


P.S. Ao mostrar as fotos para os meus pais, ouvi o relato de uma atividade semelhante, feita na juventude pelo meu pai, sem nem um quinto da segurança fornecida pela operadora. Isso é pra eu aprender a não tomar a ferro e fogo os julgamentos dele, que nem sempre retrataram suas opiniões reais, mas que sempre tiveram o intuito de me "proteger" de certos "perigos" enquanto eu não tivesse meu próprio discernimento no qual me basear.

terça-feira, 10 de março de 2009


Durante a uma hora e meia que levei no trajeto de volta para casa hoje, vinha pensando na vida como quase todos os dias, quando uma imagem muito específica me veio ao pensamento: a transição de uma mulher sentada com pés de cadeira. A seguir veio outra: uma mulher cujas pernas começassem a se transformar em raízes.

Na verdade gostaria de desenhá-las. Mas meus poucos dotes artísticos ficaram esquecidos há anos atrás, quando larguei o curso de desenho recém começado. Várias vezes tive vontade de voltar e continuar aprendendo e criando, pois ainda tinha muito chão pela frente. Não importava muito se tinha ou não dom para a coisa, eu gostava de desenhar para mim. Não o fiz. Na época estava bastante entretida com a faculdade, o namorado, o trabalho... Além disso, a criatividade tinha uma vazão, que era a dança. Também não me importava, pelo menos não a princípio, se seria algo apresentável fora da sala de aula, mas quando passei a dar aulas e inventar coreografias e cenários para as minhas meninas, senti grande satisfação. Não obstante, isso também ficou para trás.

Nesse meio tempo, quase que imperceptivelmente, a rigidez foi tomando conta. Física, mental, emocional, espiritual. Com a folhagem tão densa, quase não percebi. Havia tantas distrações! Inclusive várias floradas! E assim o tempo foi passando.

Até que as folhas começaram a cair. Pouco a pouco, a realidade foi se mostrando e o peso dos galhos foi se fazendo notar. Pra que mesmo segurar tudo isso? De fato, flexibilidade nunca foi o meu forte. Mas parece que para compensar, fui somando braços e estendendo apêndices que dessem conta das necessidades, minhas e dos outros. Sem dúvida, existem vantagens. Essa postura traz resistência e uma aura de confiabilidade (que eu me pergunto se é mesmo real).

A questão toda é que, para alcançar as alturas, existem meios mais eficientes e menos limitados. Ando querendo chacoalhar esse monte de cascas ressecadas, soltar um pouco as raízes do chão. Mudar de ares, de casa, de hábitos!

A brisa da mudança balança os galhos, mas o que será necessário para transformá-la em uma atitude? Espero não levar o mesmo tempo que os Entes da Floresta de Fangorn levam para tomar uma decisão...

Baby steps. Então, só pra começar... vamos voar!


P.S.: Nem venham me perguntar como vai o ninho de passarinhos lá em cima. >:(

segunda-feira, 9 de março de 2009

Lar doce lar


Existe uma liberdade em escrever no seu próprio espaço que eu não havia sentido antes. Nesse momento me sinto como que arrumando a minha casa antes das visitas chegarem. Não importa o que eu faça, os detalhes que eu resolver colocar aqui ou ali sempre revelarão aspectos de mim mesma. E ainda que o que eu escreva aqui pudesse ser dito em qualquer outro lugar, no orkut ou no blog de alguém, ou até na mesa de um boteco, o fato de ser dito em um espaço que considero MEU faz toda a diferença.

Aliás, sempre fui muito consciente do meu espaço, da minha casa. Desde o tempo em que ele ainda alcançava no máximo o meu quarto, eu o simbolizava em uma coleção de casinhas. Essa coleção foi crescendo lentamente ao longo dos anos e me diverte observar como as formas foram se modificando. Houve a fase dos castelos, das casas de fantasia abrigadas sob cogumelos, das lojas, das torres, dos santuários...

Na verdade esse símbolo sempre se referiu a um universo interno. O difícil é deixar os outros entrarem nesse recinto sagrado. Deve ser um teste de paciência para qualquer um, paciência que eu com certeza não teria. Infelizmente a minha ancestralidade não é muito receptiva. Eu tive que aprender sozinha a abrir as portas e as janelas, deixar o ar e a luz entrar, receber os amigos... Que sejam bem-vindos, então!

domingo, 8 de março de 2009

1, 2, 3, testando...


Eu tenho o hábito de escrever para mim mesma há muitos anos. A escrita sempre me ajudou a organizar idéias e extravasar sentimentos. Tanto que os textos simplesmente brotam quando não estou muito bem, assim como pipocam em momentos mais felizes também.

No entanto, raríssimas foram as vezes que compartilhei esses escritos com qualquer pessoa que fosse. Porque simplesmente não interessam a mais ninguém a não ser eu mesma. São textos reflexivos sem a menor vocação literária. Alguns são puramente emotivos. Podem surgir algumas cartas, sonhos, esse tipo de coisa... em outras palavras, tédio completo para qualquer ser humano médio.

Estranhamente, tenho conhecido seres humanos muito fora do desvio padrão do comum e do ordinário. Essas intrigantes criaturas parecem gostar de saber umas sobre as outras, apreciam o olhar do outro sobre suas próprias emoções, são ávidas por compartilhar idéias e sensações. E surpreendentemente fui contaminada por esses seres, aparentemente tão diferentes de mim, e hoje me vejo buscando por suas impressões sobre as coisas que os cercam. Pior ainda, comecei a vislumbrar a possibilidade de haver algum interesse nos meus parcos rabiscos.

Então resolvi arriscar. Abrir a Caixa de Pandora e deixar seu conteúdo fluir. O que será que tem aqui dentro que possa fazer alguma diferença? Sinceramente, não faço a menor idéia. Diz a lenda que foi da Caixa de Pandora que surgiram todos os males da humanidade. Consta das interpretações do mito que a liberação desse conteúdo possibilitou o crescimento do homem que teve que aprender superando adversidades. Obviamente eu não sou tão pretenciosa... mas quem sabe não servirá para algo além do meu próprio proveito escarafunchar essas entranhas e soltar o que se revira aqui dentro?


Resta então a Esperança de que esse seja um movimento menos do que fútil, que traga em si a possibilidade da renovação e que possa trazer também algo de diversão, que ninguém é de ferro, oras.