Estive pensando que a maior dificuldade das pessoas em
encararem bem a velhice é falta de agradecimento.
Normalmente, o idoso é deixado num cantinho porque ele nos
lembra algo que não queremos saber, que nós também chegaremos lá, com o aspecto
modificado, alguns probleminhas ou problemões de saúde, muitas vezes se
contentando com muito pouco, e também de maneira geral desprezados pelo grosso
da sociedade. Rezamos pela idade avançada, mas não da forma de vemos. Na
verdade, não queremos que aconteça conosco.
Mas poucos param para apreciar o valor e a contribuição
dessa crescente camada da população. Criaram filhos e netos, construíram
cidades, fundaram indústrias, fizeram descobertas, enfim, fizeram toda a base
do que temos hoje. Muitos continuam lúcidos e ativos, aptos a continuarem
contribuindo de muitas formas. Mas precisam de alguma atenção às suas
necessidades, como todos nós. E essas necessidades podem ser diferentes das
nossas.
Quantas vezes reclamamos por dia? Das maiores às mais
microscópicas coisas… E quantas vezes agradecemos? O sentimento de gratidão não
parece fazer parte da nossa constituição. Não passamos de crianças mimadas para
quem nada nunca está bom o suficiente.
Cheguei à conclusão de que enquanto não desenvolvermos o
sentimento de gratidão não seremos felizes. Enquanto cultivarmos a eterna
insatisfação por tudo que não está nos nossos conformes, não existe a
possibilidade de sermos felizes. E enquanto não soubermos agradecer, nossos
idosos estão condenados a viver no submundo do esquecimento. Que é exatamente
para onde vamos, se não mudarmos nossa forma de encarar a vida hoje.