quarta-feira, 29 de abril de 2009

Amigos

Amigo é o cara que te fala o óbvio...


... mas da maneira que vc finalmente entende!


Obrigada a todos os meus amigos. De coração.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Recomeços... ou do que se deixa para trás


Quando nos dispomos a seguir um novo rumo na vida após chegarmos àquela encruzilhada estranha das decisões pessoais, onde se aposta em um determinado movimento, o que realmente deixamos para trás?

Algo devemos deixar. Carregar tudo o que fomos o tempo todo conosco é extremamente cansativo e desgastante. Sem falar inútil. Mas o que realmente devemos descartar?

Que tal descartarmos as dores e as más experiências? Contudo... não foi com elas que aprendemos? Todos temos cicatrizes das nossas superações. Como uma cascavel que ganha um novo anel a cada troca de pele, nossas cicatrizes estão lá para nos lembrar do erros que não devemos mais cometer e das novas forças e habilidades que ganhamos. Mas cicatrizes curadas não doem. A dor deve ficar para trás.

O que mais fica para trás quando passamos para a próxima etapa de amadurecimento na nossa vida? Certas coisas não precisam ser carregadas por nós, pois sempre as encontraremos. Para que o fruto se desenvolva, é necessário sacrificar a flor. Em uma primeira etapa, a linda e delicada flor é substituída por um fruto verde e intragável. Poderíamos pensar que saímos perdendo, não? Logo após a perda, ainda lembramos da beleza da flor e não podemos aproveitar nada do novo fruto. Que tragédia! É preciso tempo e paciência para podermos colher o fruto doce, que alimenta o corpo, e percebermos que depois que comemos o fruto, o ciclo se renova. Portanto a ingenuidade também pode ficar para trás, ou arriscamos nunca mais deixarmos outra flor ser polinizada. Sem rancores, pois a encontraremos novamente, com outras roupagens, quando o tempo for propício.

Cada etapa da vida é rodeada por determinados medos, pois geralmente temos medo do que não conhecemos. O medo é uma propriedade inerente do nosso instinto de sobrevivência. Junto com a dor, ele é um importante sinalizador de que algo pode estar errado. Mas à medida que vamos ampliando nosso conhecimento, não poderíamos silenciar alguns de nossos medos? Se vamos de encontro a algo conhecido, mesmo que seja algo passível de gerar dor, não precisamos mais do medo, pois sabemos o que está lá e optamos por seguir em frente ou não. No entanto, o próprio conhecimento das consequências de nossos atos é o principal gerador de medo. Então neste caso podemos fazer uma troca: deixamos de lado o medo paralisante, e colocamos na nossa bagagem o respeito, muito mais leve e útil, pois não nos impede de tomar decisões difíceis porém necessárias. Sendo mais leve, o respeito nos permite crescer, enquanto o medo só nos deixa cada vez mais encurvados com o passar do tempo... Aproveitemos e troquemos também a culpa pela responsabilidade e assim estaremos mais próximos do perdão, que tem um efeito poderoso em amenizar o peso da nossa bagagem.

As lembranças! Ah, as lembranças... são tudo o que podemos levar conosco para qualquer lugar onde formos. Infelizmente no tocante a lembranças, parece que não temos muito o poder de escolha. Quanta coisa bonita e importante nos esquecemos e quanto coisa odiosa teimamos em lembrar! Cada lembrança, quando evocada, toma nosso tempo e nossa energia. Muitas vezes elas vem aparentemente sem ser chamadas, e ficamos felizes ou tristes, dependendo do seu conteúdo. O ponto todo é que as chamamos, a todas elas. Talvez não conscientemente, mas nós precisamos delas exatamente no instante em que surgem. Pois muitas delas nos dão dicas ou ganchos para nossas próximas escolhas, tarefas e superações. Às vezes uma lembrança desagradável vem à tona no exato momento em que podemos transformá-la. Ou uma lembrança incoerente surge no momento em que podemos entendê-la. Ou ainda aquela lembrança especial nos aquece quando precisamos de força ou de conforto. Levemos nossas lembranças, pois elas serão trabalhadas e reformuladas ao longo do caminho.

Teremos companheiros de viagem? Depende do caminho trilhado. Podemos ter companheiros por longos trechos ou companheiros circunstanciais. Ambos são importantes. Precisamos de companheiros para aprendermos sobre uma das coisas mais importantes da vida, que é o amor. Mas repetidas vezes, algum desses companheiros fica para trás. Choramos e gritamos pela perda, não percebendo que ele não faz parte da NOSSA bagagem. Queremos carregá-lo conosco a qualquer custo. Interrompemos a viagem prostrados ao seu lado, ou pior, agarrados de tal maneira que impedimos que ele também continue seu caminho. Às vezes ocorre o contrário, sentimos que nós não podemos prosseguir, pois não temos forças para andarmos sozinhos, sendo que eles também não podem nos carregar. Ninguém trilha o caminho de ninguém. Somos essencialmente sós e nossa bagagem é escolhida por nós. Optamos por carregar culpas e desejos alheios, optamos por abandonar os trilhos e fazer um novo caminho, optamos por jamais olharmos para os lados, optamos por acolher ou abandonar companheiros. Temos escolhas por todos os lados, inclusive a de não fazer escolha nenhuma, o que nos deixa exatamente no ponto onde começamos a viagem, na encruzilhada das decisões, sem aventura nem crescimento, nascendo e morrendo sem fazer a menor diferença para si nem pra ninguém.

domingo, 12 de abril de 2009

O Toque na Noite


Apesar de ser uma pessoa que valoriza muito o lado racional da vida, sempre procurei de alguma forma uma porta de comunicação com o lado etéreo, que costumeiramente chamamos de espiritual. Não sigo nenhuma religião; embora compreenda seu valor nas vidas de muitas pessoas, nunca cheguei a sentir nenhum chamado interno que me levasse irredutivelmente a determinado dogma ou doutrina. Em outras palavras, me falta a tal fé. Também não sou uma pessoa naturalmente sensitiva, apesar de ter lá meus lampejos intuitivos. Mas voltando à porta, sempre senti que ela seria interna e, de fato, tenho cá o meu meio, que para mim funciona muito bem.

Eu sempre gostei de interpretar meus sonhos. Desde adolescente eu venho prestando atenção neles e tenho conseguido estabelecer uma linguagem simbólica interna bastante rica. Tenho vários sonhos recorrentes que me contam, em seus detalhes, o andamento de alguns processos internos. Já tive sonhos premonitórios também. E, de vez em quando, tenho alguns que considero realmente especiais, praticamente místicos ou iniciáticos que, ainda que se utilizem de símbolos ou pessoas do dia a dia, marcaram uma mensagem indelével do caminho sendo percorrido. Eles geralmente são acompanhados de uma emoção profunda ao acordar, seja de alegria ou de tristeza, mas sempre de forte impacto, e eu simplesmente SEI que aquele é especial, mesmo que não o compreenda de imediato.

Ao longo dos anos tenho guardado a transcrição de vários sonhos. Alguns eu nunca cheguei a decifrar. Outros me foram claros de imediato. E alguns continuam no background da minha mente, esperando o desenrolar dos acontecimentos. Um dos últimos sonhos realmente impactantes que eu tive foi há uns dois anos atrás e retrata um processo que acho (quero crer, ao menos) estou chegando cada vez mais perto de decifrar. Deixarei de fora a identificação das pessoas do mundo real que participaram dele, pois é uma simbologia que só diz respeito a mim já que esse não é um dos premonitórios. Ao invés disso, tentarei passar a emoção ou sentimento que cada um dos personagens desperta em mim, que é o mais importante. Considero esse sonho completamente simbólico, onde todos as pessoas são partes da minha própria psiquê. Nada no mundo externo está de fato esperando uma epifania da minha parte, assim como não dependo da participação de ninguém especificamente para chegar ao ponto em que aparentemente devo chegar. Mas após esse sonho acordei esbaforida e continuei a ouvir a música, estática, por alguns minutos...

Eram tempos perigosos. Eu estava na rua e havia apenas um lugar seguro. Uma casa, onde havia muita gente, outras pessoas que aguardavam apenas um sinal na noite.

Alguém me acompanhava, protetoramente, à distância. Um homem. Um amigo, irmão e companheiro. Seguindo instruções, eu corria pela rua para a casa, para a segurança, e ele corria atrás de mim, mantendo alguma distância. Enquanto anoitecia, passei por perigos, por pessoas gritando e brigas de bar, por balas perdidas, mas cheguei à casa. Eu entrei e fui direto para o fundos. Ele também entrou, esbaforido, não me viu, procurou-me pela frente da casa, onde havia várias pessoas que nada tinham a ver conosco, e se preocupou. Eu o encontrei e sinalizei que estava tudo bem.

Fomos aos fundos da casa. Uma família ou clã de mulheres nos aguardava. Uma anciã de aspecto frágil, que se enredou em sonhos e promessas como numa rede, disse que não podia se desvencilhar. Eu e meu pai (ainda o mesmo homem? acho
que não...) a encorajamos dizendo que o mesmo tinha acontecido conosco e que parecia impossível mas que tudo daria certo. A velha, mãe de todos nós que ali estávamos, foi ficando mais forte e pediu ao homem que me acompanhava que saísse para comprar algumas coisas para ela (acho que bebida e cigarro). Ele foi.

Enquanto isso, esperávamos por algo. Era noite. Crianças dormiam em um quarto. Olhávamos por uma janela ou varanda para uma paisagem de campo à noite. Parecia um grande charco. Encontramos alguns objetos (sagrados? com certeza especiais) e a velha tentava montá-los em algo mas não conseguia. Eu tentei... e sabia o que tinha que ser feito! Era uma espécie de instrumento musical que emitia um sopro grave, como um berrante. E de repente, depois que o toquei, outras notas se ouviram na noite. O som foi ficando mais limpo, cada vez mais alto e de repente virou música! Música e luz por todo o lado! Eu sabia tocar e esse era um instrumento mágico, que havia apenas esperado que EU montasse as peças e o tocasse.


E assim soubemos que o tempo que tanto esperávamos chegou! Estávamos em estado de euforia, felizes! Sabíamos que tínhamos que pegar objetos que guardávamos há muito tempo para cada um de nós. A anciã organizava apressadamente as coisas, juntava roupas de cama e roupas de dança de cada integrante da casa (eu estava vestida com uma roupa branca e dourada, misturada com uma saia vermelha). Sabíamos que agora, dentro em breve, depois que todos voltássemos à casa (e todos estavam ouvindo a música e correndo de volta para a casa) nós finalmente saberíamos para onde deveríamos ir. Lembro de amigas importantes e queridas chegando nessa hora e uma delas, feliz e eufórica, celebrava que era eu que tinha encontrado a chave e desencadeado tudo!

E você, quais são suas aventuras oníricas mais interessantes? Como sente os próprios sonhos: a eliminação do resíduo mental do cada dia ou eventos que transportam alguma mensagem mais significativa? Alguma vez algum sonho te elucidou algo importante?